17.05.2021
Legal Design
(Guia Completo)
Legal Design está na moda! Nós, de acordo com nosso compromisso de estar além do Hype, trazemos um guia completo sobre como Direito e Design se conectam, e como você pode se inserir nesse mercado. Vamos lá?
Introdução
De acordo com o livro “The Design of Everyday Things” de Donald Norman, existem três principais áreas do Design:
- Design Industrial;
- Design de Interação;
- Design de Experiência.
O primeiro se caracteriza pela criação de produtos para a indústria em si. O segundo, na interação entre os seres humanos e as coisas ao seu redor, enquanto o terceiro, na experiência que alguém tem ao lidar com algum objeto.
Como pilar dessas áreas, surgiu, na décade de 1980, a partir da publicação do livro “Architect or Bees” de Mike Cooley, o Human Centered Design (Design centrado no ser humano). Mike era funcionário de uma empresa que construia equipamentos bélicos na Inglaterra. Com a troca de governos, entrou um governante pacifista, e desestimulou esta indústria.
Assim, os funcionários, ao invés de esperarem a invevitável demissão, passaram a construir equipamentos indústrias para uma sociedade melhor. Motores a partir de energia aeólica e outras tecnologias sustentáveis. O título do livro explica bem este movimento, pois devemos ser como as abelhas que são morfoloficamente destinadas a realizar apenas uma tarefa na colméia? Ou como os arquitetos que são livres para criar?
O Design Centrado no Ser Humano, deste modo, propõe, que as soluções sejam sempre pensadas com vistas ao que os usuários realmente precisam. E para isso, é necessário muita observação. Por isso as disciplinas do Design tem avançado na direção dessa tendência.
Atualmente, é de se pensar se apenas o seres humanos devem ser levados em conta na hora da criação de um serviço ou de um produto. Afinal, não estamos sozinhos nesse mundo, e nossos hábitos de consumo predatórios tem levado a comparações dos seres humanos aos vírus.
Experiência do Usuário (UX)
Nessa toada de colocar o ser humano no centro das soluções, surge o UX, a subárea do Design responsável por pesquisar e projetar soluções que sejam baseadas em necessidades reais e com um uso simples. O UX normalmente está atrelado à Inteface do Usuário (UI), e há quem use indistintamente.
Contudo, o designer de UI é responsável pela criação das telas e dos mapas de usabilidade, enquanto o UX Designer foca nas pesquisas, nos fluxos, nos testes. Com certeza é uma área cinzenta, e os designer acabam performando ambas tarefas.
O próprio nome “experiência” já induz o sentido dessa área do conhecimento. O que o usuário irá sentir ao usar o produto? Quais os melhores símbolos, feedbacks e caminhos para guiar uma experiência efetiva e agradável?
O Design é uma disciplina com bases epistemológicas fracas, ou seja, não é que nem a matemática e a física com premissas rígidas e conclusões binárias. Por isso, de modo a se aprimorar, tem se atrelado a diversas áreas do conhecimento, como neurociência, psicologia, e até mesmo o direito.
Não a toa o termo UX foi cunhado por um psicólogo (o próprio Donald Norman, risos) que trabalhava na Apple, que fazia inúmeros experimentos psicológicos para determinar a melhor usabilidade possível dos aparatos. Para ele User Experience é muito mais do que uma tela bonita de um site ou app, é toda a experiência daquele produto e serviço.
O professor mencionado ainda nos ensina quais são os elementos imprescindíveis (que devem estar presentes) a uma boa experiência:
- Adequação – um objeto ou serviço deve ser adequado à finalidade que se propõe.
- Significante – um objeto, serviço ou funcionalidade deve indicar ao usuário, por meio de ícones, palavras e formas, para que ele serve;
- Feedback – deve também informar ao usuário a que altura está de completar determinada tarefa, o que acontece quando realiza um ato, qual o próximo passo, como voltar, etc
O que será que nós advogados podemos trazer para o Design?
Legal Design
Quando pensamos em Legal Design, a referência é o Legal Lab Design de Stanford. Margaret Hagan é a referência no assunto, e eles já tem casos de sucesso muito interessantes, vale a pena navegar pelo site deles. Ao que interessa, o Design ao trazer uma metodologia quase científica para trazer segurança ao processo criativo. Chamam-na de “Design Thinking”, ou pensamento de Design.
Esse pensamento, se baseia nada mais nada menos no método científico que cria hipóteses e as submete à realidade para que possam ser comprovadas ou descartadas. A inovação do Design Thinking, vem justamente do aspecto de “duplo diamante”, que amplia ao máximo a questão, depois a refina, amplia novamente para finalmente refinar e trazer concretude ao objeto de estudo.
Há diversas variações desse pensamento, que culminou inclusive com a criação da Design Sprint, do Google, que basicamente encurta esse ciclo, da ideia, direto para os testes. O Legal Design em si, pode trazer diversos benefícios ao mundo jurídico. Desde a criação de um serviço jurídico que leva em conta os usuários (clientes, cidadãos, funcionários públicos, advogados), até documentos jurídicos mais amigáveis, que prezam pela facilidade de compreensão.
Em relação a esse último ponto, o famigerado “Visual Law”, já adiantamos que somos entusiastas do tema, mas é necessário separar o joi do trigo. Colocar um ícone ou um infográfico no documento não o torna automaticamente fácil de compreender.
Deve-se pensar na simplicidade da linguagem e em acessibilidade para pessoas com necessidades especiais, analfabetas e semi analfabetas, principalmente num país como o nosso. Não vamos esgotar esse tema nesse pequeno artigo, fiquem ligados para os próximos onde vamos trazer cases de sucesso, aplicações práticas e muito mais.